Monumento

Ponte D. Maria Pia
4 Outubro, 2021 / , , ,

Foi projecto do Eng.Theophile Seyrig e inaugurada em Outubro de 1877.

Nela trabalharam 150 operários da Eiffel Constructions Métalliques, e foram usados 1.600.000 kg de ferro.

Foi a primeira construção a considerar os efeitos dos ventos da região, e apesar da complexidade da ponte não demorou sequer 2 anos a ser construída.

As dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, exigiu a construção do maior arco em ferro do mundo, com um vão de 160m, e um tabuleiro de 352m, a 61m de distância do nível médio das águas do rio. Foi uma construção no limite das possibilidades da construção metálica. Na época esta ponte foi uma obra de engenharia que deslumbrou portugueses e estrangeiros.

Marcou a chegada da via-férrea à cidade invicta, e a ligação entre o Porto e o sul a nível ferroviário era a sua função. Permitiu concluir a ligação ferroviária entre o Porto e Lisboa que, na altura, terminava na estação das Devesas em Vila Nova de Gaia. Teve um profundo impacto na economia da região, pois a cidade do Porto assumiu a posição de nó num conjunto de linhas férreas importantes e permitiu o reordenamento do tecido urbano em função da localização das estações.

A festa de inauguração no dia 4 de Novembro de 1877, foi de arromba, e foi presidida pelo rei D. Luís I e pela Rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome.

A multidão veio assistir ao memorável espectáculo, encheu as redondezas da “obra de arte”, acenando lenços à passagem ao primeiro comboio a atravessar a ponte, com 24 carruagens e cerca de 1200 pessoas a bordo.

A segurança da ponte foi largamente comprovada com a passagem de comboios por mais de 100 anos.
Está classificada como monumento nacional e é o único monumento português que faz parte da lista de grandes obras de engenharia da Sociedade Americana de Engenharia.

Com o aparecimento da nova Ponte de São João, a ponte D Maria Pia foi desactivada a 1 de Junho de 1991, e desde esse dia que aguardam pacientemente pelo futuro, sendo prioritária a recuperação desta obra de arte.

Ponte da Arrábida
1 Março, 2021 / , , ,

A Ponte da Arrábida constitui uma obra-prima da Engenharia de Pontes, sendo como tal reconhecida internacionalmente.

Aquando da sua conclusão, em 1963, constituía a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo. É considerada uma obra-prima de Engenharia de Pontes. Tem 500 metros de comprimento, e fica a 70 metros do nível do rio.

É a primeira grande ponte sobre o rio Douro integralmente concebida, projectada e construída pela Engenharia Portuguesa. O seu autor assinou projectos de pontes nos quatro continentes – o Eng. Edgar Cardoso.

A sua construção durou 7 anos (entre 1956 e 1963) e ainda lá está a pequena casa de onde foi coordenada a construção da ponte. Actualmente é o restaurante Casa D’Oro

A Arrábida veio colmatar a necessidade de ligação por via rodoviária da cidade do Porto a Vila Nova de Gaia, tendo sido a segunda ponte a permitir essa passagem.
De entre as várias pontes do estuário do rio Douro, a Ponte da Arrábida é a ponte mais próxima da foz.

Esta ponte também foi concebida para permitir a circulação de peões e, por isso, foram instalados quatro elevadores, dois de cada lado, que tinham capacidade para cerca de 25 pessoas. Deixaram de funcionar por questões de segurança.

É um dos mais poderosos, se não o mais poderoso, símbolo da Cidade, provavelmente aquele que no futuro melhor simbolizará o Porto do século XX.

Constitui Património no sentido mais nobre do termo. E é onde se descobrem novas e belas perspectivas portuenses frequentemente.

Foi classificada como Monumento Nacional no ano do seu 50º aniversário, em 2013.

 

Sabia que?  

As visitas ao arco da Ponte da Arrábida começaram em 2016, sendo este o único arco de uma ponte que pode ser visitado na Europa – 262 são os degraus que se tem de subir para o visitar.

 

Casa Museu Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Situada em S. Mamede Infesta, é uma construção dos fins do séc. XIX. Tem anexada uma capela setecentista, que serviu de oficina ao patrono. Foi nesta casa que decorreram os últimos anos de existência do cientista e professor português.

Na exposição permanente da casa, além da coleção de pintura, desenho e gravura, são encontrados utensílios e escritos científicos de Abel Salazar, assim como peças de mobiliário originais da casa.

A Casa-Museu restitui parte do ambiente familiar do patrono, mediante objetos pessoais e retratos, assim como testemunhos da atividade do pesquisador, pedagogo e divulgador de intervenções cívicas, através de cartas, manuscritos, provas tipográficas, jornais e revistas onde colaborou.

É também na casa que se encontra a biblioteca do médico e a biblioteca Alberto Saavedra, com um fundo documental especializado sobre a vida e obra de Abel Salazar.

No jardim, está o Pavilhão Calouste Gulbenkian, com uma programação regular de exposições com artistas contemporâneos.

Foram os amigos e admiradores de Abel Salazar que, após a sua morte, acharam que a maior homenagem que lhe podiam prestar era transformar a sua casa numa Fundação.

Várias foram as iniciativas que se realizaram para angariar fundos na tarefa de defesa e divulgação da Obra de Abel Salazar, incluindo a compra da casa para a transformação em museu. Mas só quase 11 anos depois, foi criada a “Sociedade Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar de S. Mamede Infesta”.

No entanto, as dificuldades continuaram e a Sociedade Divulgadora apela à Fundação Calouste Gulbenkian, que adquiriu, em 1965, toda a obra artística, literária e científica e o imóvel e terreno anexo à Casa-Museu.

Durante o período que pertenceu à Fundação Calouste Gulbenkian, a casa esteve encerrada ao público para obras de restauro, construção da casa do guarda e do pavilhão destinado a exposições periódicas.

Em 1975, a Fundação deixou de conseguir assumir os encargos da Casa e coloca a questão de a Casa-Museu ser doada à Universidade do Porto, que foi superiormente autorizada a aceitar a doação.

A Casa-Museu Abel Salazar, tutelada pela Universidade do Porto, é dirigida com o apoio de uma Associação Divulgadora, entidade de carácter cultural e considerada de Utilidade Pública. Centrada no valor humano, social e artístico do patrono, a Casa-Museu pretende estimular o interesse pela obra de Abel Salazar nos diversos ramos que cultivou, de ativar a publicação de estudos em torno das diferentes aptidões do cientista, de fomentar a colaboração com escolas e organismos culturais e recreativos, de completar o trabalho de inventariação e investigação do espólio literário tanto publicado como inédito, assumindo-se como centro de informação e de investigação insubstituível do artista e cientista Abel Salazar.

Hospital Santo António -250 anos do hospital da cidade
6 Novembro, 2020 / , ,

Localizado no Centro Histórico do Porto, mais propriamente no Largo do Professor Abel Salazar, o Hospital de Santo António completou, em 2020, 250 anos desde que foi lançada a primeira pedra.

A história do Hospital de Santo António surge como saga de determinação, arrojo e altruísmo. Desde logo, a sua construção, que, independentemente da megalomania do projeto e do erro da localização, muito pantanoso, constituía necessidade premente da cidade em transformação.

No entanto, ficou demonstrado que, para edificarem e manterem o seu Hospital, os portuenses e a sua Misericórdia viram-se, muitas vezes, sozinhos e desapoiados pelo poder que, em momentos decisivos, tratava o Porto com a sobranceria de um centralismo que só nos meados do século XX começaria a olhar a cidade na justa medida das suas carências hospitalares.

A 15 de julho de 1770, os terrenos desocupados nos arredores do Largo davam lugar à construção do Hospital, mas a proposta apresentada pelo arquiteto inglês John Carr não chegou a executar-se na totalidade, tamanha era a sua dimensão, grandiosidade e custo. O início da construção deparou-se com uma dificuldade inesperada, o terreno que era muito húmido e pantanoso, dificultando a construção dos alicerces que iriam suportar o edifício. John Carr, que nunca veio ao Porto, projetou os interiores em tijolo. A opção pelo granito onerou e prolongou construção.

Para além dos problemas geográficos, os primeiros anos de construção foram marcados pela “turbulência” das invasões francesas, entre a década de 1770 e o início do século XIX, fazendo com que apenas fossem executados dois terços do projeto.

Mais à frente na História, e já após a inauguração da unidade, que aconteceu só em 1824, o país travou a guerra civil entre absolutistas e liberais e, depois, ainda, enfrentou a peste bubónica e a gripe espanhola de 1918.

É também em 1825 que fica associado ao hospital, a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, antepassado da Faculdade de Medicina do Porto que ali funcionou até ao final do ano de 1959, mudando-se para o recém-construído Hospital São João.

Passados 20 anos, em 1979, o hospital volta a receber alunos do 4º ano do curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, garantido a regência da maioria das unidades curriculares. Atualmente, a média de ingresso é a mais elevada entre os 7 mestrados integrados em Medicina das universidades portuguesas.

O edifício é o mais palladiano dos edifícios portugueses, e o maior, construído fora das ilhas britânicas, desenvolvendo-se em vários andares, de modo sóbrio, simples e simétrico, mas com volumes bem definidos animando a superfície.

Foi se convertendo no “hospital da cidade” e, desde 1910, é considerado Monumento Nacional. Hoje o Hospital de Santo António é a âncora do Centro Hospitalar Universitário do Porto, que incorpora também Centro de Genética Médica Jacinto de Magalhães e o Centro Materno-Infantil do Norte Albino Aroso, resultante da fusão da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Crianças Maria Pia, bem como o património humano e cultural do Hospital de Doenças Infeciosas Joaquim Urbano. O CHUP dedica-se à assistência, ao ensino, aos internatos médicos, à formação, à inovação e à investigação clínica e científica. A área direta de referenciação vai da orla marítima cosmopolita às velhas ilhas do Porto, passando pela cidade, bairros operários e aldeias de Gondomar. Tem cerca de 4400 trabalhadores, de dezenas de profissões. Em cada dia que passa, tem cerca de 100 internamentos, 2900 consultas, 140 cirurgias programadas, 420 episódios de urgência, 300 episódios de hospital de dia e 10 partos. A cada semana, acolhe um novo ensaio clínico multicêntrico internacional e coloca quatro artigos científicos em base internacionais. A biblioteca tem numerosos recursos de pesquisa e obtenção de bibliografia. O Museu da Medicina e da Farmácia, está integrado na Rede Portuguesa de Museus, ligando o hospital à cidade e aos turistas.

 

 

A Capela do Rei Carlos Alberto
22 Setembro, 2020 / , , ,

Carlos Alberto da Sardenha nasceu em Turin, Itália, em 1798. Foi Rei da Sardenha a partir de 1831 e foi um dos pais da unificação de Itália, país que se encontrava dividido em várias entidades políticas, todas mais ou menos controladas pelo Império Austro-Húngaro.

Queria unificar sob o seu ceptro toda a Itália, mas teve que se exilar no Porto em 1849, depois de ter sido derrotado pelos austríacos na Batalha de Novara.

Ao chegar, o monarca destronado hospedou-se na Hospedaria do Peixe, a funcionar no majestoso Palácio dos Viscondes de Balsemão, na então Praça dos Ferradores, hoje Praça Carlos Alberto.

Ali ficou, enquanto não lhe era disponibilizado um local para residir. Acabou mais tarde por se mudar para a Quinta da Macieirinha, onde hoje funciona o Solar do Vinho do Porto e o Museu Romântico.
Ali morreu.

O seu corpo foi transladado para o Panteão dos Sabóia, em Itália, mas a meia-irmã mandou construir uma capela nos terrenos da quinta atualmente incorporados nos jardins do Palácio de Cristal.

A ÁGUIA E O LEÃO
21 Novembro, 2019 / , ,

Há uns anos, subia a Avenida da Boavista, acompanhada pelos meus dois sobrinhos mais velhos:

– Meninos, quem sabe o que é aquilo lá em cima?!

– É a Águia e o Leão na Rotunda da Boavista!

Sorri ao pensar o quão certa – e também o quão errada – estava a resposta!

O Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular foi projectado pelo arquitecto Marques da Silva e pelo escultor Alves de Sousa. A sua construção, da responsabilidade da Cooperativa dos Pedreiros, iniciou-se em 1909 mas apenas viria a ser inaugurado em 1952, já após o prematuro falecimento de Alves de Sousa, pelo que a sua conclusão ficou a cargo dos escultores Henrique Moreira e José Sousa Caldas. O mesmo destina-se a honrar os heróis da Guerra Peninsular, travada no âmbito das invasões francesas, que opôs Portugal, contando então com a aliada ajuda inglesa, aos exércitos franceses de Napoleão Bonaparte, no período de 1808 a 1814.

Esta parte os sobrinhos não sabiam, mas como a sua tenra idade não aconselhava “guerras”, acabei a explicar-lhes que havia um francês um bocadinho mau que queria que em Portugal só se comesse queijo! Por isso, pedimos ajuda aos nossos amigos ingleses, e mandamos os franceses à fava com o seu queijo! Na altura não me ocorreu melhor disparate, mas eles retiveram a ideia base correcta. Espero….

Composto por um pedestal de 45 metros de altura e rodeado de grupos escultóricos que representam cenas de artilharia, no monumento destaca-se a figura de uma mulher – a Vitória!, à frente do povo,  empunhando na mão esquerda, a bandeira nacional e, na direita, uma espada. No topo, uma alta coluna encimada por um leão (símbolo da bandeira de Inglaterra) sobre uma águia (símbolo do império de Napoleão), elementos que lhe deram o nome popular por que é conhecido.

Igreja de São Francisco de Assis
7 Outubro, 2019 / , ,

A construção da Igreja de São Francisco de Assis começou no século XIV, durante o reinado de D. Fernando, no local onde já existia um templo modesto pertencente à Ordem dos Franciscanos, que se tinha estabelecido na cidade do Porto em 1223.

Com uma estrutura que obedece às regras do estilo gótico mendicante, ou seja, uma igreja de três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida, com a capela-mor num plano mais profundo, a Igreja de São Francisco de Assis é o principal templo de estilo gótico da cidade do Porto.

No século XVI, João de Castilho projetou a Capela de São João Batista, mas foi no decorrer do século XVII que este templo adquiriu o esplendor barroco, estilo que é preservado até aos dias de hoje através do seu interior coberto de ouro.

A exuberância de dourado fez com que o Conde de Raczyński se referisse à Igreja de São Francisco de Assis como a “a igreja de oiro”. Acredita-se que a revestir as três naves da igreja estejam cerca de 300 quilogramas de pó de ouro. Esta abundância de ouro chegou a fazer com que a igreja fosse fechada ao culto por ser muito ostentosa para a pobreza que a rodeava.

No retábulo da capela-mor, poderá encontrar uma das maiores atrações deste templo: a Árvore de Jessé, uma escultura de madeira policromada, que é considerada uma das melhores do mundo dentro do género.

Outra das grandes atrações da Igreja de São Francisco de Assis é o Cemitério Catacumbal, onde estão as sepulturas de irmãos da Ordem dos Franciscanos, assim como algumas das famílias nobres da cidade.

Para além das sepulturas, é possível ver ainda um ossário com milhares de ossos humanos através de um vidro colocado no chão.

A Igreja de São Francisco de Assis é classificada como Monumento Nacional desde 1910 e como Património Cultural da Humanidade da UNESCO desde 1996.

Busto de Homenagem a Guilherme Gomes Fernandes
13 Agosto, 2019 / , ,

Da autoria de Bento Cândido da Silva, o busto de homenagem ao Comandante dos Bombeiros do Porto, Guilherme Gomes Fernandes, foi inaugurado em 1915 na praça que ornamenta, desde então, o nome desta ilustre personagem.

Guilherme Gomes Fernandes nasceu na Baía a 6 de fevereiro de 1850. Aos três anos de idade foi viver para a cidade do Porto e aos treze partiu para Inglaterra, com o intuito de frequentar os estudos liceais.

Com 19 anos, Gomes Fernandes fixou residência no Porto. Anos mais tarde, ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (1874-75) e o Corpo de Salvação Pública. Foi nomeado Comandante do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspetor de Incêndios do Porto em 1885. De seguida transferiu-se para a Companhia de Incêndios, assumindo o cargo de comandante. Desenvolveu, igualmente, atividade empresarial na área do jornalismo, tendo criado e dirigido o jornal “O Bombeiro Voluntário”, publicado entre 1877 e 1890.

Guilherme Gomes Fernandes notabilizou-se também, entre outras ações, no combate ao trágico incêndio do Teatro Baquet, em 1888.

O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e do país valeu-lhe o título de “Mestre”, assim como condecorações nacionais e internacionais de prestígio.

Guilherme Gomes Fernandes morreu em Lisboa, no Hospital de S. José, a 31 de outubro de 1902.

Ponte Luís I: uma questão sanitária
11 Agosto, 2019 / ,

A ponte Luís I, uma das estruturas mais emblemáticas da cidade do Porto, foi construída no século XIX e é hoje considerada Património da Humanidade. No entanto, em meados do século XX, a ponte começou a mostrar preocupantes sinais de corrosão devido, nomeadamente, à passagem do elétrico no tabuleiro superior da ponte.

Mas havia aqui outro problema de corrosão. À noite, muitos dos homens que frequentavam os bares, quer do Porto quer da Ribeira, utilizavam a parte final do tabuleiro da ponte para “fazer xixi”.

Em 1954, Edgar Cardoso ficou encarregue dos trabalhos de recuperação da ponte e arranjou uma solução genial para acabar com a corrosão e o cheiro nauseabundo. O engenheiro, aproveitando a cor da ponte, colocou na parte final do tabuleiro da ponte umas chapas metálicas com uma ligeira dobra. Ou seja, quem durante a noite procurasse satisfazer as suas necessidades naquele mesmo local, via o “xixi” devolvido, diretamente, para as suas calças.

Discreto mas eficaz até aos dias de hoje.

 

Duque da Ribeira – Símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira
9 Agosto, 2019 / , ,

Se passear pela zona da Ribeira, o que obrigatoriamente terá de fazer se vier ao Porto, é muito provável que se cruze com a estátua de homenagem a Deocleciano Monteiro (a localização exacta é na Rua Cimo do Muro, nº 12, junto à Ponte D. Luís).

Se o nome não lhe diz absolutamente nada, não se preocupe! O mesmo acontecerá à maioria dos portuenses! Já, porém, quase todos lhe saberão dizer quem foi o “Duque da Ribeira”, nome por que desde sempre ele foi e ficou conhecido. Conta aliás a tradição que foi a própria mãe quem, em face da dificuldade em pronunciar o nome Deocleciano, o tratava por “Duque”.

Nascido no Porto em 24 de Março de 1902 e falecido em 9 de Novembro de 1996, o Duque nasceu e viveu sempre na Ribeira, até à sua morte, sendo uma figura dela indissociável e absolutamente carismática ao longo de todo o século XX.

Com apenas 11 anos, salvou uma pessoa de morrer afogada no rio. Desde aí, essa marca heroica nunca mais o deixou, apesar da sua modéstia e extrema humildade.

O Duque cresceu no rio, onde toda a vida aí foi barqueiro. Conhecia o Douro, as suas águas, as suas correntes, a sua vida, como ninguém! Esse facto, aliado à sua coragem e agilidade física e ao facto de ser um excelente nadador, permitiu-lhe ao longo de toda a vida salvar muitas pessoas de morrer afogadas nas águas, por vezes traiçoeiras, do rio bem como, noutros casos, de resgatar os corpos daqueles que aí perdiam a vida. Centenas de pessoas devem a vida – literalmente – ao Duque da Ribeira!

Foi também o responsável por ensinar muitas crianças da Ribeira a nadar!

Estivador, marinheiro e até actor!, a popularidade do Duque era imensa, e não é toa que no seu livro de autógrafos constam as assinaturas de vários presidentes da república e mesmo até da Rainha Isabel II de Inglaterra!

Por tudo isto, e por fim, um aviso: se se aventurar pelas águas do Douro, faça-o com todos os cuidados! Já não temos o nosso Duque a guardar o rio! Ele que, conforme consta do busto da autoria do Mestre José Rodrigues que para sempre havia de perpetuar nas margens do Douro a sua memória e a homenagem da cidade, foi “símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira”