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A ÁGUIA E O LEÃO
21 Novembro, 2019 / , ,

Há uns anos, subia a Avenida da Boavista, acompanhada pelos meus dois sobrinhos mais velhos:

– Meninos, quem sabe o que é aquilo lá em cima?!

– É a Águia e o Leão na Rotunda da Boavista!

Sorri ao pensar o quão certa – e também o quão errada – estava a resposta!

O Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular foi projectado pelo arquitecto Marques da Silva e pelo escultor Alves de Sousa. A sua construção, da responsabilidade da Cooperativa dos Pedreiros, iniciou-se em 1909 mas apenas viria a ser inaugurado em 1952, já após o prematuro falecimento de Alves de Sousa, pelo que a sua conclusão ficou a cargo dos escultores Henrique Moreira e José Sousa Caldas. O mesmo destina-se a honrar os heróis da Guerra Peninsular, travada no âmbito das invasões francesas, que opôs Portugal, contando então com a aliada ajuda inglesa, aos exércitos franceses de Napoleão Bonaparte, no período de 1808 a 1814.

Esta parte os sobrinhos não sabiam, mas como a sua tenra idade não aconselhava “guerras”, acabei a explicar-lhes que havia um francês um bocadinho mau que queria que em Portugal só se comesse queijo! Por isso, pedimos ajuda aos nossos amigos ingleses, e mandamos os franceses à fava com o seu queijo! Na altura não me ocorreu melhor disparate, mas eles retiveram a ideia base correcta. Espero….

Composto por um pedestal de 45 metros de altura e rodeado de grupos escultóricos que representam cenas de artilharia, no monumento destaca-se a figura de uma mulher – a Vitória!, à frente do povo,  empunhando na mão esquerda, a bandeira nacional e, na direita, uma espada. No topo, uma alta coluna encimada por um leão (símbolo da bandeira de Inglaterra) sobre uma águia (símbolo do império de Napoleão), elementos que lhe deram o nome popular por que é conhecido.

Lenda de Miragaia – Porto Legends
12 Novembro, 2019 / , ,

Ramiro, o Rei Cristão, atacou a fortaleza dos Mouros para resgatar a sua esposa, a Rainha Gaia, que fora raptada por Alboazar. No regresso, Ramiro perguntou-lhe porque tanto chorava. Gaia, enquanto olhava para as ruínas do castelo de Alboazar, responde que ali foi realmente feliz. Enfurecido, o rei, disse-lhe: “Então mira, mira… Gaia, porque é a última coisa que irás mirar”! De seguida, matou-a. E assim nasceu o nome da freguesia de Miragaia.

Conheça esta e outras lendas da história do Porto no espetáculo Porto Legends.

Apolo Terrasse – O cinema esquecido
7 Novembro, 2019 / , , ,

Poucos se lembram deste cinema, construído no início do século XX e demolido no final dos anos 40 para dar lugar à atual Rua de Ceuta. O Apolo Terrasse surgiu numa altura em que o cinema ganhava popularidade. Inicialmente, os filmes eram projetados em barracões ou nas grandes lojas da cidade, mas, à medida que o interesse do público aumentava e que a produção cinematográfica se diversificava, começaram a ser construídos espaços específicos para a exibição de filmes.

De muitos destes lugares de diversão já restam pouco mais do que memórias. Um deles era o Apolo Terrasse, que terá sido construído em 1912. Situava-se no local onde agora passa a Rua de Ceuta e o acesso principal era feito pela Rua José Falcão, mas teria mais dois acessos: uma pelo piso térreo de uma casa na Rua de Santa Teresa e outro pelo meio de quintais que desciam até à Rua da Picaria. Apesar da localização discreta e da simplicidade decorativa, o edifício destacava-se pela imponência de uma grande estrutura de ferro, que servia de vestíbulo.

 

O Apolo Terrasse foi também construído de forma a poder ser também usado para outro tipo de espetáculos e eventos desportivos. Por outro lado, a construção, constituída por dois pisos ligados por duas escadarias e varandas laterais, revelava também uma grande preocupação com a prevenção de incêndios. A iluminação, feita por candeeiros em forma de globo, era mais um elemento de modernidade neste espaço.

Fonte: O Tripeiro, 7ª Série, Ano XXXV,
Número 1, janeiro e fevereiro de 2016.

Estação de Campanhã
7 Novembro, 2019 / ,

“O silvo dos comboios, o seu matraquear sobre a ponte além do monte fronteiro, diziam-lhe as horas, denunciavam-lhe a direcção do vento e o tempo provável para o amanhã”. É assim que a nossa Agustína se refere a esse pulsante ruído quando o comboio rasga a cidade. Vivia-se aquela paz podre de fim de século. Estancadas as feridas da nação, degladiada por sucessivas guerras civis, a modernização era o desígnio e o caminho-de-ferro um dos seus principais símbolos. A Estação de Campanhã foi inaugurada a 5 de Novembro de 1877, juntamente com a Ponte Maria Pia. Era o produto final de uma série de obras no local da antiga Quinta do Pinheiro. Foi um dos motores do êxodo rural que viria a suceder-se com a fixação em Campanhã de uma larga massa de gente provida do interior do país e que viria a povoar a freguesia.

Do comboio ao autocarro, do autocarro ao metro, a Estação de Campanhã encontra o futuro da intermodalidade num Porto que se vai convertendo numa cidade inteligente. De traçado neoclássico, viria a ser alvo de mudanças ao longo do século XX, culminando no actual terminal, que supera em muito a área da velha estação, nesta pacata convivência entre o novo e o velho, marca cada vez mais firmada da invicta cidade. E eis-nos revivendo as palavras de Ramalho: “apeamo-nos finalmente na estação de Campanhã.”

 

 

Igreja de São Francisco de Assis
7 Outubro, 2019 / , ,

A construção da Igreja de São Francisco de Assis começou no século XIV, durante o reinado de D. Fernando, no local onde já existia um templo modesto pertencente à Ordem dos Franciscanos, que se tinha estabelecido na cidade do Porto em 1223.

Com uma estrutura que obedece às regras do estilo gótico mendicante, ou seja, uma igreja de três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida, com a capela-mor num plano mais profundo, a Igreja de São Francisco de Assis é o principal templo de estilo gótico da cidade do Porto.

No século XVI, João de Castilho projetou a Capela de São João Batista, mas foi no decorrer do século XVII que este templo adquiriu o esplendor barroco, estilo que é preservado até aos dias de hoje através do seu interior coberto de ouro.

A exuberância de dourado fez com que o Conde de Raczyński se referisse à Igreja de São Francisco de Assis como a “a igreja de oiro”. Acredita-se que a revestir as três naves da igreja estejam cerca de 300 quilogramas de pó de ouro. Esta abundância de ouro chegou a fazer com que a igreja fosse fechada ao culto por ser muito ostentosa para a pobreza que a rodeava.

No retábulo da capela-mor, poderá encontrar uma das maiores atrações deste templo: a Árvore de Jessé, uma escultura de madeira policromada, que é considerada uma das melhores do mundo dentro do género.

Outra das grandes atrações da Igreja de São Francisco de Assis é o Cemitério Catacumbal, onde estão as sepulturas de irmãos da Ordem dos Franciscanos, assim como algumas das famílias nobres da cidade.

Para além das sepulturas, é possível ver ainda um ossário com milhares de ossos humanos através de um vidro colocado no chão.

A Igreja de São Francisco de Assis é classificada como Monumento Nacional desde 1910 e como Património Cultural da Humanidade da UNESCO desde 1996.

Busto de Homenagem a Guilherme Gomes Fernandes
13 Agosto, 2019 / , ,

Da autoria de Bento Cândido da Silva, o busto de homenagem ao Comandante dos Bombeiros do Porto, Guilherme Gomes Fernandes, foi inaugurado em 1915 na praça que ornamenta, desde então, o nome desta ilustre personagem.

Guilherme Gomes Fernandes nasceu na Baía a 6 de fevereiro de 1850. Aos três anos de idade foi viver para a cidade do Porto e aos treze partiu para Inglaterra, com o intuito de frequentar os estudos liceais.

Com 19 anos, Gomes Fernandes fixou residência no Porto. Anos mais tarde, ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (1874-75) e o Corpo de Salvação Pública. Foi nomeado Comandante do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspetor de Incêndios do Porto em 1885. De seguida transferiu-se para a Companhia de Incêndios, assumindo o cargo de comandante. Desenvolveu, igualmente, atividade empresarial na área do jornalismo, tendo criado e dirigido o jornal “O Bombeiro Voluntário”, publicado entre 1877 e 1890.

Guilherme Gomes Fernandes notabilizou-se também, entre outras ações, no combate ao trágico incêndio do Teatro Baquet, em 1888.

O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e do país valeu-lhe o título de “Mestre”, assim como condecorações nacionais e internacionais de prestígio.

Guilherme Gomes Fernandes morreu em Lisboa, no Hospital de S. José, a 31 de outubro de 1902.

Cataventos na cidade do Porto
12 Agosto, 2019 / ,

A origem dos cataventos não está claramente sinalizada na história mas alguns historiadores acreditam que o primeiro terá surgido na Pérsia, durante o ano 915 a.C. Outros crêem que no Iraque, Egito ou China há indicações do emprego de moinhos de vento ainda mais remotos. No entanto, só no século XII é que os moinhos de ventos foram introduzidos na Europa.

Este pequeno dispositivo veio facilitar inúmeros processos agrícolas como moer grãos, bombear água, drenagem de terrenos, entre muitos outros.

Sejam utilizados como mera decoração ou para cumprir a sua função designada, o certo é que os cataventos estão espalhados pelo topo de muitos edifícios da cidade do Porto!

Ponte Luís I: uma questão sanitária
11 Agosto, 2019 / ,

A ponte Luís I, uma das estruturas mais emblemáticas da cidade do Porto, foi construída no século XIX e é hoje considerada Património da Humanidade. No entanto, em meados do século XX, a ponte começou a mostrar preocupantes sinais de corrosão devido, nomeadamente, à passagem do elétrico no tabuleiro superior da ponte.

Mas havia aqui outro problema de corrosão. À noite, muitos dos homens que frequentavam os bares, quer do Porto quer da Ribeira, utilizavam a parte final do tabuleiro da ponte para “fazer xixi”.

Em 1954, Edgar Cardoso ficou encarregue dos trabalhos de recuperação da ponte e arranjou uma solução genial para acabar com a corrosão e o cheiro nauseabundo. O engenheiro, aproveitando a cor da ponte, colocou na parte final do tabuleiro da ponte umas chapas metálicas com uma ligeira dobra. Ou seja, quem durante a noite procurasse satisfazer as suas necessidades naquele mesmo local, via o “xixi” devolvido, diretamente, para as suas calças.

Discreto mas eficaz até aos dias de hoje.

 

Duque da Ribeira – Símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira
9 Agosto, 2019 / , ,

Se passear pela zona da Ribeira, o que obrigatoriamente terá de fazer se vier ao Porto, é muito provável que se cruze com a estátua de homenagem a Deocleciano Monteiro (a localização exacta é na Rua Cimo do Muro, nº 12, junto à Ponte D. Luís).

Se o nome não lhe diz absolutamente nada, não se preocupe! O mesmo acontecerá à maioria dos portuenses! Já, porém, quase todos lhe saberão dizer quem foi o “Duque da Ribeira”, nome por que desde sempre ele foi e ficou conhecido. Conta aliás a tradição que foi a própria mãe quem, em face da dificuldade em pronunciar o nome Deocleciano, o tratava por “Duque”.

Nascido no Porto em 24 de Março de 1902 e falecido em 9 de Novembro de 1996, o Duque nasceu e viveu sempre na Ribeira, até à sua morte, sendo uma figura dela indissociável e absolutamente carismática ao longo de todo o século XX.

Com apenas 11 anos, salvou uma pessoa de morrer afogada no rio. Desde aí, essa marca heroica nunca mais o deixou, apesar da sua modéstia e extrema humildade.

O Duque cresceu no rio, onde toda a vida aí foi barqueiro. Conhecia o Douro, as suas águas, as suas correntes, a sua vida, como ninguém! Esse facto, aliado à sua coragem e agilidade física e ao facto de ser um excelente nadador, permitiu-lhe ao longo de toda a vida salvar muitas pessoas de morrer afogadas nas águas, por vezes traiçoeiras, do rio bem como, noutros casos, de resgatar os corpos daqueles que aí perdiam a vida. Centenas de pessoas devem a vida – literalmente – ao Duque da Ribeira!

Foi também o responsável por ensinar muitas crianças da Ribeira a nadar!

Estivador, marinheiro e até actor!, a popularidade do Duque era imensa, e não é toa que no seu livro de autógrafos constam as assinaturas de vários presidentes da república e mesmo até da Rainha Isabel II de Inglaterra!

Por tudo isto, e por fim, um aviso: se se aventurar pelas águas do Douro, faça-o com todos os cuidados! Já não temos o nosso Duque a guardar o rio! Ele que, conforme consta do busto da autoria do Mestre José Rodrigues que para sempre havia de perpetuar nas margens do Douro a sua memória e a homenagem da cidade, foi “símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira”

Sabia que… o Parque da Cidade do Porto é o único parque urbano da Europa com frente marítima?
8 Agosto, 2019 / ,

Com uma superfície total de 83 hectares e cerca de 10km, o Parque da Cidade do Porto é o maior parque urbano do país e o único da Europa com frente marítima.

O parque foi projetado pelo arquiteto paisagista Sidónio Pardal, tendo sido inaugurado em 1993 (1.ª fase) e finalizado em 2002. No ano de 2000, foi seleccionado pela Ordem dos Engenheiros como uma das “100 obras mais notáveis construídas no século XX em Portugal”.

Entre lagos, fauna e flora variada, o Parque da Cidade acolhe ainda equipamentos complementares como o Pavilhão da Água e o Queimódromo.