História

Porto cidade do Trabalho e da Liberdade
7 Outubro, 2020 / , , ,

Afirmar-se que o Porto é a cidade do trabalho – é uma imagem de marca, certamente adequada e justa, mas que não garante, por si só, que todos os do Porto amem o trabalho ou que não haja muitas outras terras que mereçam igual encómio.

Em todo o caso, tal fama traduz o reconhecimento externo de que as suas gentes são laboriosas e que ao longo da História se têm afirmado pelo trabalho, isto é, pelo negócio em contraposição ao ócio.

Todavia, o Porto não é apenas a cidade do trabalho.

A tradição portuguesa, corroborando opinião de eruditos oitocentistas e ocorrências históricas de’ projeção nacional, vai-lhe atribuindo o epíteto de terra da Liberdade, brasão mais antigo e mais nobre que o anterior e que, contrariamente a hipotéticas considerações sobre um paraíso perdido de fundo bíblico, não só não o desmente como até o complementa.

De facto, o trabalho sendo ou não consequência ou castigo da queda original, é condição de sucesso do homem comum.

Mas… trabalho sem liberdade é sempre escravidão.

Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XVI Número 6 e 7 Jun/Jul 1997

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( Camilo Castelo Branco )
1 Outubro, 2020 / , ,

Apesar de ter nascido em Lisboa (1825) filho ilegítimo de um aristocrata com a sua criada, com 5 anos veio viver para o norte – Vila Real, órfão mãe. Com apenas 16 anos casou-se, e em 1843, 2 anos depois, foi pai. Nesse mesmo ano veio para o Porto viver sozinho, para a Rua Escura, no histórico e pitoresco bairro da sé, para estudar medicina. Mais tarde viveu no hotel Paris, na Rua da Fábrica.

Era um homem elegante, foi um reputado jornalística e escritor. Em 1850, matriculou-se no Seminário do Porto, onde estudou teologia e fundou 2 jornais de caracter religioso.

A vida de Camilo pelo Porto foi intensa, polémica e boémia e causou alguns escândalos de natureza amorosa. Ficou celebre pela paixão por Ana Plácido e consequente prisão na Cadeia da Relação. Destes acontecimentos nasceu a sua obra mais célebre “O amor de perdição” que foi imortalizado por uma estátua dos dois, que pode ser vista junto à cadeia onde ambos estiveram presos.

Em 1868, Camilo voltou ao Porto para viver na rua de Santa Catarina e rua de S. Lázaro, depois de casar com Ana Plácido e com ela fundou e dirigiu a Gazeta Literária da cidade.

Os anos 80 foram muito turbulentos pois já via muito mal e mantinha relações polémicas com variados senhores da sociedade. Foi várias vezes ameaçado fisicamente e comprou um revolver para se defender. Ironicamente 7 anos depois viria a usa-lo para se suicidar após perceber que a sua cegueira não tinha cura.

Camilo foi sepultado no cemitério da Lapa.

Até hoje, encontram-se na Ordem da Lapa manuscritos da correspondência entre Camilo, Ana Plácido e Freitas Fortuna e numerosos objectos camilianos, como o revólver com que se suicidou, uma caixa de prata para rapé, com a última anotação que utilizou, a luneta, a pena e a lapiseira-pena que lhe serviram nos últimos tempos, um livro de Droz que Camilo começou a traduzir na Cadeia da Relação, um búzio que serviu a Camilo de pisa-papéis e o seu tinteiro predilecto.

As esculturas de ferro dos jardins do Palácio
1 Outubro, 2020 / ,

Na segunda metade do Séc. XIX a Europa fervilhava com o progresso tecnológico resultante das várias transformações ocorridas durante a chamada ‘Revolução Industrial’.

Existem no Porto alguns exemplos arquitectónicos e estruturais dessa época e também alguns dos quais infelizmente restam apenas algumas memórias.

É o caso do Palácio de Cristal que recebeu o nome por ter sido inspirado no Crystal Palace em tudo semelhante, excepto na dimensão, que tinha sido construído em Londres com o mesmo propósito, ou seja, a instalação de uma exposição pública universal.
Mas se o ferro era agora utilizado como matéria prima em grandes fundições industriais aliado a obras geniais de Engenharia e Arquitectura, começava igualmente a ver as suas potencialidades aplicadas à Escultura. Permitia o mesmo tipo de detalhe e acabamento de metais mais nobres, mas com uma maior facilidade e economia de produção, bem como a possibilidade de produção em série de peças criadas por grandes mestres.

Assim, é comum haver nos espaços públicos ajardinados que por essa altura foram sendo criados nas cidades europeias, obras de escultura em ferro fundido.

Os jardins do Palácio de Cristal, ao contrário do edifício, foram preservados no seu desenho original e as suas Esculturas também. Se no caso do Edifício e nos aspectos estruturais e tecnológicos as origens eram inglesas, já os campos culturais e estéticos no Porto e na Europa eram ainda dominados pelas influências francesas, mais precisamente parisienses.

Ao entrarmos pelo portão principal, encontramos o jardim que antecedia a fachada principal do Palácio e nele duas fontes adornadas por elementos escultóricos e quatro figuras que representam as Estações do Ano. É possível perceber as suas origens pois estão identificadas as fundições onde foram produzidas e em alguns casos o autor ou autora da modelação original.

É curioso observar, segundo um estudo publicado por Paula Torres Peixoto na Revista de Arquitectura Lusitana, que uma vez que as Obras que representam as Estações do Ano provêm de origens distintas, temos efectivamente 3 e não as 4 estações representadas, uma vez que aquela que está na sua base identificada com sendo o Outono, é na realidade o Verão que assim surge duas vezes.

Seguindo pela Avenida das Tílias, iremos passar ainda pela Concha Acústica e pela vulgarmente conhecida como “Fonte dos Cavalinhos”, as duas com excelentes obras escultóricas em ferro fundido.
Por tudo isto e por todo o espaço envolvente, o “Palácio” é e será sempre um dos locais mais queridos da Cidade.

A Capela do Rei Carlos Alberto
22 Setembro, 2020 / , , ,

Carlos Alberto da Sardenha nasceu em Turin, Itália, em 1798. Foi Rei da Sardenha a partir de 1831 e foi um dos pais da unificação de Itália, país que se encontrava dividido em várias entidades políticas, todas mais ou menos controladas pelo Império Austro-Húngaro.

Queria unificar sob o seu ceptro toda a Itália, mas teve que se exilar no Porto em 1849, depois de ter sido derrotado pelos austríacos na Batalha de Novara.

Ao chegar, o monarca destronado hospedou-se na Hospedaria do Peixe, a funcionar no majestoso Palácio dos Viscondes de Balsemão, na então Praça dos Ferradores, hoje Praça Carlos Alberto.

Ali ficou, enquanto não lhe era disponibilizado um local para residir. Acabou mais tarde por se mudar para a Quinta da Macieirinha, onde hoje funciona o Solar do Vinho do Porto e o Museu Romântico.
Ali morreu.

O seu corpo foi transladado para o Panteão dos Sabóia, em Itália, mas a meia-irmã mandou construir uma capela nos terrenos da quinta atualmente incorporados nos jardins do Palácio de Cristal.

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( Júlio Dinis )
21 Setembro, 2020 / , ,

Júlio Dinis (1839-1871), nasceu e foi baptizado no Porto, na freguesia de S.Nicolau.

Estudou em Miragaia onde escreveu os primeiros textos literários, e estudou Medicina na Universidade do Porto. Em 1852 e 1853, residiu na aldeia de Noêda, freguesia de Campanhã. Em 1874 o escritor foi habitar com a família do seu primo, para a Rua de Costa Cabral, na freguesia de Paranhos, onde viria a falecer de tuberculose – tinha 32 anos.

Quando frequentava o primeiro ano da Academia Politécnica, travou conhecimento e manteve uma íntima amizade com o poeta Soares de Passos, e desta circunstância intensificou o amor às belas letras. Participou ainda em núcleos de teatro e colaborou com o Jornal do Porto.

Nos seus livros “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, “A Morgadinha dos Canaviais” e “Uma Família Inglesa” podem encontrar-se muitas referências à cidade onde nasceu, viveu e morreu.

Um conjunto escultórico, constituído por uma figura feminina que coloca uma coroa de flores junto do busto do poeta, em baixo-relevo. Foi sepultado no cemitério de Cedofeita, juntamente com o seu irmão.

Ao longo dos anos, 71 localidades em Portugal deram o nome de Julio Dinis a uma ou mais artérias.

A cidade do Porto mostra a importância deste escritor na sua história, dando o seu nome a uma Rua, uma Maternidade e um cinema.

Ricardo Jorge – Precursor do Sistema Nacional de Saúde
21 Setembro, 2020 / , ,

Ricardo de Almeida Jorge nasceu no Porto, em 9 de maio de 1858.

Frequentou a Escola Médico-Cirúrgica do Porto entre 1874 e 1879, finalizando o curso de Medicina aos 21 anos, com uma dissertação “O nervosismo no Passado” Iniciando a sua vida profissional na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Porto. Em 1880, leciona na mesma Faculdade as cadeiras de Anatomia, Histologia e Fisiologia Experimental e concorre ao cargo de professor substituto no Departamento de Cirurgia da mesma escola. Elabora um trabalho sobre Localizações Motrizes no Cérebro, numa época em que a neurologia dava os primeiros passos. Não protelando a pratica clínica, desloca-se várias vezes ao estrangeiro, assistindo às lições do neurologista Charcot.

Entretanto de regresso ao Porto, publica vários artigos em revistas científicas e monta o primeiro laboratório de microscopia e fisiologia do Porto.
Sendo a neurologia seu primeiro interesse, deixou uma obra monumental, abrangendo assuntos diversos, incidindo a maior parte do seu legado sobre as especialidades da Higiene e Epidemiologia. O seu estilo vai além de um homem de ciência, como podemos observar num comentário de Camilo Castelo Branco de quem era amigo “O estilo de Ricardo Jorge desatrema de tudo que se conhece em oratória parlamentar, em dialética académica, em eloquência cívica dos clubes e até em oratória de púlpito…”, na obra Serões de S.Miguel de Seide.

Os estudos desenvolvidos sobre hidroterapia e o interesse de Ricardo Jorge pelo termalismo e hidrologia (realização de algumas experiências sobre os efeitos dos fluoretos alcalinos e nas águas termais) está na sequência, em 1888, do contrato de exploração por cinquenta anos, das Caldas do Gerês, onde exerceu o cargo de director clínico entre 1889 e 1892. Não se revelando vocacionado a actividade empresarial a Companhia das Caldas do Gerês, abriu falência em 1893.

Vários debates sobre a instalação dos cemitérios no Porto, induziram Ricardo Jorge a dar uma série de conferências (1884), numa atitude contestatária ao que as autoridades de saúde pensavam relativamente à higiene social, contribuindo para um grande debate. Foi um momento fundamental no processo evolutivo da saúde pública em Portugal.

A convite da Câmara Municipal do Porto, fez parte de um estudo sobre as condições sanitárias da cidade, elaborando um relatório publicado em 1988. Foi nomeado médico municipal do Porto em 1891, recebendo outro convite, em 1892, para administrar os Serviços Municipais de Saúde e Higiene do Porto e o Laboratório Municipal de Bacteriologia.

Em 1895 é nomeado Professor Titular da Cadeira de Higiene e Medicina Legal da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Os estudos de Ricardo Jorge, Arantes Pereira e do Conde de Samodães, ajudaram a influenciar a Rainha D. Amélia na criação da Assistência Nacional aos Tuberculosos e à construção de sanatórios para os doentes.

Em 1899 o Porto é atingido por um surto de peste bubónica (em teoria extinta no Ocidente desde 1700). Ricardo Jorge faz o diagnóstico relatando às autoridades competentes o eclodir da epidemia. Foi de imediato solicitada ajuda internacional sendo encomendados ao Instituto Pasteur de Paris duzentos tubos do soro “Yersin”. Ainda que várias pessoas tenham sido vacinadas pelo Dr. Calmette, entre as quais os próprios filhos de Ricardo Jorge.
Conhecendo este muito bem as condições de desenvolvimento da peste pôs em prática rigorosas medidas sanitárias e de eliminação dos agentes transmissores da doença tal como ratos e pulgas ( por cada rato grande entregue numa esquadra de polícia eram pagos 20 réis, por cada pequeno 10), além de medidas preventivas para a erradicação da praga (isolamento de pacientes e a desinfecção de casas onde eram encontrados casos patológicos)
O Conselho de Saúde decreta um cordão sanitário em torno da cidade, defendido pelo exército, no entanto, os prejuízos económicos advindos do isolamento e a instigação por parte de alguns grupos políticos originaram uma revolta da população, eclodindo alguns episódios violentos.

Ainda que protegido pelas autoridades e contando com a solidariedade dos médicos do Porto Ricardo Jorge parte para Lisboa onde é nomeado Inspector-Geral dos Serviços Sanitários do Reino, lente de Higiene na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e membro do Conselho Superior de Higiene e Saúde.

Em 1899 cria a Direcção-Geral de Saúde e Beneficência Pública e o Instituto Central de Higiene, mais tarde Instituto Superior de Higiene (que ostenta hoje o seu nome).

Podemos dizer que Ricardo Jorge nos finais do século XIX dá origem a uma profunda reforma na saúde pública em Portugal, em todas as vertentes que lhe estão ao alcance (académica, legislativa e de investigação)

A instabilidade politica da I República não permitiu desenvolvimento visionado por Ricardo Jorge e só durante o Estado Novo com Marcelo Caetano como Presidente do Conselho de Ministros se dá um novo impulso às questões da saúde, sendo exemplo de peso o modelo sanitário apresentado por Baltazar Rebelo de Sousa e Gonçalves Ferreira, fulcrais na criação do futuro Sistema Nacional de Saúde.

Uma curiosidade interessante foi o facto de ter proibido a coca-cola em Portugal (em 1927 enquanto Diretor-geral da Saúde.

Só em 1977 é desbloqueada essa proibição.
Foi activo até quase ao final da sua vida, intervindo e participando numa reunião do Escritório Internacional de Higiene três meses antes de morrer em Lisboa, em 29 de julho de 1939.

O dia em que o Rei visitou o Porto
21 Setembro, 2020 / , , ,

Em novembro e dezembro de 1908 D. Manuel II, que viria a ser o último rei de Portugal, fez uma longa viagem ao norte do país, tendo passado vários dias no Porto.

Num desses dias, e depois da mãe, a Rainha D. Amélia, ter feito compras numa grande loja da cidade, o povo reuniu-se no Campo da Regeneração (atual Praça da República), para uma parada militar. Dizem os jornais da época que muitas pessoas subiram aos telhados para poderem assistir e que nas ruas, os automóveis, trens e elétricos que se dirigiam ao local tiveram de voltar para trás.

O desfile percorreu várias ruas da Baixa e, em plena Rua de Santa Catarina, o cortejo é recebido com uma grande chuva de flores. No final do dia, tem lugar um jantar de gala no Palácio dos Carrancas. Dona Amélia teve também um dia preenchido, tendo visitado o atelier do escultor Teixeira Lopes.

Depois de ter percorrido diversas localidades do norte, D. Manuel II regressaria ao Porto, tendo participado num sarau no Ateneu Comercial do Porto. Em mais uma homenagem ao rei, os banheiros da Praia do Ourigo deram o nome do monarca à praia. Em outubro de 1910 deu-se a implantação da República e a designação ficou para sempre esquecida.

Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XVI Número 1 e 2 Fevereiro 1997

 

Fonte da Colher
18 Setembro, 2020 / ,

Será uma das mais antigas fontes da cidade. Não esta que hoje podemos ver ao fundo das escadas do Monte dos Judeus, e deverá remontar a meados do século XIX, mas a sua antecessora, instalada no seculo XIII ainda na praia de Miragaia, para uso comunitário.
O nome “da colher” virá do imposto que se tinha de pagar pela entrada dos produtos na cidade (medidos numa colher); ou segundo outras versões, pela colher (de madeira ou metal) com que se dava a água a beber. Mas a fonte atual continua a ser uma relíquia, com a sua estrutura em granito e estranhamente rematada com a varanda de uma casa. Está classificada como imóvel de interesse público, mas merecia melhor visibilidade.

A sua água foi em tempos considerada “como a melhor em qualidade que teve a cidade”. Pode-se avaliar da antiguidade desta fonte pela leitura da legenda, hoje quase impercetível, que foi gravada na lápide da frontaria ” Louvado seja o santíssimo Sacramento e a Puríssima Conceição da Virgem Nossa Senhora, concebida sem pecado original. 1629. A água d’esta fonte é da Cydade”

Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XXXVII Número 3 Março 2018

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( Almeida Garret )
17 Setembro, 2020 / ,

O Turismo Literário oferece capital cultural pois dá aos leitores possibilidade de percorrer e descobrir lugares relatados, de inspiração, e lugares que marcaram as vidas de escritores e dos seus bens. Da dificuldade em descobrir esses lugares se denota que muito trabalho há a fazer na preservação e na divulgação deste património. Algumas das casas mencionadas têm uma placa informativa, mas não são consideradas património cultural, e nem há um levantamento, de todas as casas que existem. Esta modalidade turística estabelece relações fortes entre os turistas e os seus destinos, relações criativas, afectivas e sociais. O Porto pode assim destacar-se e diferenciar-se como destino rico em património cultural, com história e escritores de renome.

ALMEIDA GARRET

Nasceu em 1799 no Porto, na Rua Dr. Barbosa de Castro próxima dos Jardins da Cordoaria, na casa n.º 37-41, e aí viveu até aos cinco anos, deslocando-se depois para Vila Nova de Gaia.
A meio do primeiro andar da casa, de características setecentistas, num medalhão oval em gesso, colocado pela câmara municipal em 1864, uma inscrição homenageia a memória do autor de “Viagens na Minha Terra”.

 

Há marcas do escritor por toda a cidade :

– Igreja de Santo Ildefonso, onde Garrett foi baptizado em 1799;

– edifício do Colégio de S. Lourenço/Igreja dos Grilos na Sé, e regimento militar improvisado, onde se refugiou durante o cerco do Porto, em 1832, e onde deu início ao romance “O Arco de Sant’ Ana: crónica portuense”;

– Praça Almeida Garret junto à estação de S. Bento;

– Ele foi um dos responsáveis pela introdução do coração de D.Pedro no brasão da cidade do Porto;

– sepultura em sua homenagem no cemitério da Lapa, embora os seus restos mortais se encontram no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa;

– desde 1954, no 1.º centenário da sua morte, uma estátua sua em bronze, tem lugar de destaque em frente à câmara municipal do porto,

– em 2001, quando Porto foi Capital Europeia da Cultura, a Biblioteca Municipal nos jardins do Palácio de Cristal foi baptizada de Almeida Garret.

É descrito como um dandy petulante e vaidoso.

São Gonçalo de Amarante
16 Dezembro, 2019 / , ,

A Igreja, o Convento e a Ponte de São Gonçalo, são o “ex libris” da cidade de Amarante, indissociáveis da figura que lhes dá o nome. A miríade de lendas e crenças, que gravitam em torno deste local, esbatem a realidade numa encruzilhada de tal nebulosidade, que nos atira para a impossibilidade de discernir com rigor onde acabam umas e começa a outra. “Gonçalo foi Santo, e admirável Santo, na primeira idade de menino; santo, e admirável, na segunda de mancebo; santo, e admirável na terceira de varão; santo, e admirável na quarta de velho; e finalmente Santo, e admirável, na quinta, depois de morto” (excerto de sermão do Padre António Vieira no Brasil).

São Gonçalo de Amarante, nasceu por volta de 1190, na freguesia de S. Salvador de Tagilde, no concelho de Vizela, no seio de uma família nobre (os Pereiras). Sob a proteção do arcebispo da Arquidiocese de Braga, Gonçalo cursou as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé arquiepiscopal, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de S. Paio (ou S. Pelágio) de Riba-Vizela. Parte em peregrinação primeiro a Roma donde passou a Jerusalém, onde se demorou 14 anos, deixando os paroquianos ao cuidado dum sobrinho sacerdote. De regresso a Portugal, é escorraçado pelo mesmo que mediante uma trama teria sido nomeado como pároco da freguesia. Resignado, deixa S. Paio de Riba-Vizela, ingressa na vida conventual da Ordem dos Pregadores, recentemente fundada por S. Domingos, construindo uma pequena ermida que dedicou a Nossa Senhora da Assunção, nas margens do rio Tâmega. no local onde hoje se ergue a Igreja e Convento de São Gonçalo, em Amarante. O processo de beatificação foi promulgado em 16 de setembro de 1561. A devoção ao santo mais popular dos santos portugueses, depois de Santo António de Lisboa, espalhou-se por Portugal e Brasil. Em 1540 João III de Portugal e D. Catarina de Áustria, deliberaram a construção de um novo templo e convento dominicano no local, sob a invocação de Gonçalo de Amarante. As obras iniciaram-se em 1543, tendo-se prolongado até ao século XVIII, com intervenções no século XX.

São Gonçalo, no sec. XIII, inicia a construção de uma travessia entre as duas margens (é durante este período que surge uma imensidade de lendas). A ponte desmoronou-se no século XVIII devido às cheias, tendo sido recuperada posteriormente. A famosa defesa da Ponte de Amarante ocorreu em 1809 e foi um dos momentos mais marcantes das segundas invasões francesas. A heroica defesa da ponte, como ficou conhecido o episódio, aconteceu já após as tropas francesas terem ocupado a Igreja de São Gonçalo, tendo sido impedidas de atravessar o Tâmega. Passaram-se mais de 200 anos, mas as marcas de bala de canhão e mosquete ainda perduram na fachada do edifício.