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As esculturas do Jardim de S. Lázaro
20 Janeiro, 2021 / , ,

Nas proximidades da Escola Superior de Belas Artes do Porto, espalhadas pelo Jardim de São Lázaro, há um conjunto de esculturas que não deve deixar de ver.

Estátua de de Barata Feyo

António Carvalho da Silva foi um pintor português que mais tarde adoptou, como apelido, o nome da sua cidade natal, ficando assim a ser conhecido como Silva Porto.

Estudou na Academia Portuense de Belas-Artes, estagiou em Paris e em Itália, e em 1879 regressou a Portugal.

Entre outros, recebeu a medalha de ouro da Exposição Industrial Portuguesa de 1884 e a primeira medalha do Grémio Artístico.

O busto de bronze é da autoria de Barata Feyo, um escultor e professor, que teve uma importante acção pedagógica enquanto professor da Escola de Belas-Artes do Porto.
Foi figura maior da segunda geração de escultores modernistas portugueses, do sec XX e esculpiu este busto em 1950,

Escultura Ternura de Henrique Moreira

A escultura Ternura está ao centro do jardim, e relembra os portugueses mortos na Grande Guerra de 1914-18.

Henrique Moreira formou-se na Academia Portuense de Belas-Artes.
Deixou-nos vastas obras notáveis, como a Floreira decorativa da Avenida dos Aliados A sua obra tem uma expressividade naturalista, e a tendência da Art Déco.

Escultura o Torso de João Cutileiro

João Cutileiro frequentou os estúdio de Jorge Barradas e de António Duarte como voluntário e foi com este ultimo que pela primeira vez teve contacto com a pedra.
Apresentou a sua primeira exposição individual em 1951, com apenas 14 anos.
Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, e da Slade School of Art em Londres.
As temáticas que abordava eram o amor, o desejo e a plenitude do ser, cuja revelação no domínio da natureza é celebrado com respeito e simplicidade.

Marques de Oliveira de Soares dos Reis

Pintor naturalista e crítico de arte, Marques de Oliveira, nasceu na cidade do Porto em 1853.
Na Academia Portuense de Belas-Artes, destacava-se como um dos melhores alunos no curso de Pintura Histórica.

Após uma breve passagem por Itália, regressou ao Porto. Teve uma carreira de ensino notável e introduz a pintura ao ar livre em Portugal com o desenho como base de todas as obras. A sua longa carreira de ensino foi considerada notável, e levou os alunos ao contacto directo com a natureza.

Em 1929, dois anos após a sua morte, o Porto prestou-lhe homenagem, inaugurando um monumento em sua honra da autoria do seu amigo e conterrâneo escultor naturalista Soares dos Reis, no Jardim de São Lázaro.

O porte altivo do grande paisagista é suportado por um busto de dimensões alongadas. A estrutura rectilínea e triangulada do rosto com pequenos toques angulosos e impressivos no cabelo, barba e sobrancelhas.

O Jardim dedicado às mulheres
20 Janeiro, 2021 / ,

Inaugurado em 1834, o Jardim Marques de Oliveira, é de concepção romântica, podendo destacar-se a sombra das suas grandes magnólias, as suas imponentes tílias, o colorido das suas camélias e os sons do lago central.

O Jardim de São Lázaro, é o mais antigo jardim municipal da cidade do Porto.
A sua designação advém da antiga gafaria medieval, aí instalada no princípio do século XVI, e que veio a ser demolida no século XVIII.

Este fresco jardim é uma agradável surpresa para quem passa, pois está muito bem cuidado e frondoso.
Foi desenhado por João José Gomes, o primeiro jardineiro municipal do Porto, e apresenta ainda hoje o seu desenho original.

Destacam-se a fonte, o coreto, e as esculturas espalhadas pelo jardim, de vários artistas de renome nacional como Soares dos Reis.

Durante a Guerra Civil portuguesa, o Porto esteve rodeado por um cerco entre Julho de 1832 e Agosto de 1833. Foi um cerco pesadíssimo para os portuenses: às investidas das tropas miguelistas, somavam-se inimigos silenciosos como a cólera, o tifo, a fome e o frio, que transformou as belas árvores da invicta em lenha para a população.

A 27 de Janeiro de 1833, D. Pedro IV ordenou a construção do Jardim de S. Lázaro, dedicado às mulheres desta cidade, para de alguma forma as compensar pelas duras provações enfrentadas durante o Cerco. Pretendia-se que este fosse um recanto das senhoras portuenses!
Embora modesto em tamanho e parco de vistas, rapidamente se tornou popular entre a fina sociedade – um lugar obrigatório de reunião das famílias do Porto. Durante 30 anos, esta miniatura de Passeio Publico, foi o centro do janotismo e da moda da cidade.

Sem vista para a barra do Douro, sem passeios largos e arejados, encerra contudo um suave perfume, que contrasta com o ambiente urbano em que se insere.

É o ponto de encontro dos reformados que jogam cartas, ponto de passagem de muitos locais, um lugar de repouso para os turistas. Próximo da Faculdade de Belas Artes, é também muito frequentado por estudantes.

A nascente do jardim está a Biblioteca Pública Municipal e, a sul, a magnífica fachada barroca do antigo convento de São Lázaro, atribuído a Nicolau Nasoni.

O jardim é o único da cidade que ainda está envolvido por um gradeamento. É um dos mais bonitos jardins românticos do Porto.

A 1ª Arvore de Natal do País foi no Porto
24 Dezembro, 2020 /

De acordo com a história, terá sido no Porto que pela primeira vez se ergueu uma Árvore de Natal no país.

Aconteceu no antigo Palácio de Cristal, em 1865, durante a exposição internacional, sendo que esta foi também a primeira exposição internacional da Península Ibérica.

Diz a lenda que foi escolhida como símbolo de natal pela sua forma triangular, que na tradição cristã representa a Santíssima Trindade : Pai, Filho e Espirito Santo

A Arvore de Natal ou Pinheiro de Natal é conhecida no formato actual desde o Sec.XVI. Apareceu na Alemanha onde decoravam pequenos pinheiros com papéis coloridos frutas e doces. A tradição espalhou-se por toda a europa e chegou aos EUA em 1800.

O presépio é tradição na casa dos portuenses cristãos. Há registos de presépios desde no Séc. XIII , criado por S. Francisco de Assis em 1223, numa gruta em Assis, e a sua forma actual remonta ao Séc. XVI. Normalmente montado ao pé da arvore de natal e dos presentes, recria o nascimento de Jesus num estábulo.

O Natal é uma época mágica para visitar o Porto, uma cidade repleta de tradições e maravilhas artesanais, deliciosos vinhos tradicionais, e apreciar a atmosfera festiva.

Na véspera de Natal, a família portuense junta-se à volta do Pinheiro de Natal e do presépio.

A tradição da Ceia de Natal no Porto
9 Dezembro, 2020 / , ,

As tradições natalícias sempre tiveram um significado muito especial no seio das famílias tripeiras, mas há 100 anos era tudo um pouco diferente

A ceia de natal (jantar de dia 24 de Dezembro) apenas existia no norte. A sul do Porto, a partir do Advento, as famílias faziam jejum de carne, e este dia era passado em rigoroso jejum. Só depois da Missa do Galo, é que a ceia era servida.

O Porto já seguia a tradição da Idade Média, com o Bacalhau de Natal. A família reunia-se à mesa para celebrar em conjunto a consoada (que vem do verbo consolar).

Como não se podia comer carne, e o bacalhau era o peixe mais barato, o repasto era constituído por bacalhau cozido, acompanhado com couves e batatas cozidas, regados por um bom azeite nacional extra virgem; os pastéis de bacalhau, o polvo guisado, ou o arroz de polvo eram outros dos pratos sem carne mais escolhidos.

Mas a partir da II Guerra Mundial, apenas as famílias mais ricas continuaram a poder consumir bacalhau com regularidade, e para essas o bacalhau passou a ser só para os dias festivos.

Há uma lenda que diz que em Toledo, antes das 12 badaladas, os lavradores matavam um galo, que levavam para a igreja para dar aos mais pobres, para terem um Natal mais feliz. Assim a carne estava reservada para o Dia de Natal (25 de dezembro) sendo o peru recheado o rei deste dia.
A missa do galo não fazia parte das tradições portuenses, pois o convívio familiar não se devia interromper. No norte ninguém rezava pelo menino jesus à meia-noite, pois a essa hora toda a gente estava à volta do polvo e do bacalhau.

Para a sobremesa destacavam-se as broas de natal, e mais tarde o famoso Bolo-rei, de forma redonda, com um buraco ao meio. Tradicionalmente, no interior do bolo havia uma fava seca, e um pequeno brinde feito de metal ou cerâmica. A quem saísse a fatia com a fava tinha o dever de pagar o próximo bolo-rei, já o brinde dava sorte a quem o encontrasse.

Por trás deste bolo existe uma simbologia com cerca de 2000 anos. A lenda diz que o bolo representa os presentes que os Reis Magos ofereceram ao Menino Jesus. A coroa simboliza o ouro, as frutas cristalizadas e secas são a mirra, e o aroma do bolo o incenso.

Esta tradição foi importada de França, da corte de Luis XIV, onde se fazia este bolo para as festas de Ano Novo e do dia de Reis. Ao Porto o Bolo-rei chegou em 1890 pela Confeitaria Cascais.

Outra sobremesa que um portuense não dispensa na consoada é a Aletria. Tem origem árabe e era feita com massa fina, leite de amêndoas e mel. É normalmente coberta com desenhos feitos em canela.

Também as Rabanadas são iguaria doce na casa dos portuenses, no natal. Na invicta é habitual embebedá-las com vinho do Porto. No sul chamam-se fatias douradas.
As primeiras receitas remontam a 1611. No início do séc.XX eram muito comuns em Madrid, sendo de lá que nos chegou a receita.

O Vinho do Porto é o néctar do natal portuense, e é sempre uma boa altura para beber, comprar e oferecer. Sem nunca esquecer a escolha dos melhores vinhos para pôr à mesa nestas festividades.

O sistema de alarme de incêndios na cidade do porto no século XIX
13 Novembro, 2020 / , ,

ACUDAM, SOCORRO, SOCORRO….

Maria das Dores Bernardes, filha do açougueiro Bernardo, gritava a plenos pulmões, que tinha a casa a arder e aflita pedia ajuda aos seus vizinhos que paredes meias, viviam com ela noutras casas de madeira na Ribeira do Porto.
Os vizinhos fizeram o que podiam acorrendo com baldes de água e pouco mais, pois nada mais havia a fazer…
Ouviam-se gritos de terror e choros de mulher, clamando pela intervenção divina…
Bastaram alguma horas, para que tudo ficasse destruído e os poucos bens consumidos pelo fogo.

Esta história de pura ficção, seria uma situação que terá seguramente ocorrido várias vezes nos primeiros anos do Século XIX na Cidade do Porto, onde um pequeno fogo criava o caos na cidade e não havia quem acudisse aos incêndios que consumiam as pequenas casas. Era preciso tomar medidas para que estes fogos não agravassem ainda mais a situação difícil de quem, com muito pouco, conseguia sobreviver e os incêndios eram o pior de todos os males.

Não havia bombeiros, nem carros de combate a incêndios, e na falta de luz eléctrica (só é inventada muitos anos depois), apenas as velas e as candeias iluminavam as casas à noite, potenciando o risco de incêndios, em particular nos núcleos urbanos mais fechados. O sobressalto era permanente e os riscos cada vez maiores, porque a população aumentava a olhos vistos – vinham do interior, do Minho e de todas as regiões do país à procura de melhores condições de vida que as novas indústrias da revolução industrial, vinham trazer a toda esta gente.
As pequenas casas ficavam cada vez com mais gente que lá dormia e o risco potenciado.

Era preciso fazer rapidamente alguma coisa…
E foi aí, que por acordo entre os representantes dos diferentes mestres da cidade, da Câmara Municipal e do Cabido, se procura uma solução inovadora para acalmar as populações e minorar os riscos de incêndio.
Eureka! Finalmente uma solução…Todos eram chamados a acudirem a um incêndio, fosse em que parte da cidade fosse – todos seriam voluntários.

Desenhou-se uma geringonça, um “aparelho” capaz de avisar toda a gente de que havia um incêndio para que todos pudessem acudir.

SISTEMA DE ALARME DE INCÊNDIO

Guardada dentro de uma caixa de ferro, uma alavanca puxava uma corda protegida dentro de um cano de ferro e que faria tocar o sino da Igreja bem lá no alto dando um número de toques no sino que anunciava o local de incêndio, e assim toda a população saberia para onde se deslocar para socorrer quem precisava de ajuda.
Criou-se um regulamento uniforme em toda a Cidade e consoante o número de vezes que o sino da Igreja tocasse, para esse lugar quem pudesse acudir se dirigiria.
Para isso foi criada uma tabela de número de badaladas que o sino tocaria, onde o incêndio ocorresse conforme os lugares. Assim, se o incêndio ocorresse na zona da Sé, o sino tocaria 4 badaladas e assim sucessivamente. Logo que o sino tocasse 3 vezes, o alarme sinalizava que a situação estava controlada e tudo poderia voltar à normalidade. Este sistema, foi então montado em várias Igrejas, nos anos 50, do século XIX localizadas em pontos estratégicos da Cidade e assim funcionou dando bons resultados.

Só anos mais tarde, em 1875 é fundada no Porto a Associação dos Bombeiros Voluntários por um grupo de pessoas influentes na Cidade, comerciantes e industriais que, preocupados com a salvaguarda dos seus bens, decidem por mãos à obra, e criar as melhores condições para que em caso de incêndio os bombeiros pudessem apagar os incêndios.
Assim, não admira que pessoas influentes na Cidade e com capacidade financeira para organizarem uma Associação de Bombeiros Voluntários tivesse sido essencial para pôr em marcha uma organização que defendesse todos daquele inimigo comum – O fogo!

Nomes como Alexandre Theodoro Glama, Hugo Kopke, Walter Kendall, Alexander Miller Fleming, foram fundamentais na concretização desta necessidade cada vez mais sentida no Porto, instalando a sua primeira Sede na Rua do Bonjardim.
Foram sendo construídas carretas especificas com bombas manuais de água que transportavam em barris e que podiam acalmar a ira das labaredas.
Para divulgação da actividade dos Bombeiros Voluntários, foi criada em 1876 a publicação “O Bombeiro Portuguez”, que era uma folha quinzenal, onde se dava conta da criação de outras máquinas e técnicas de combates e incêndios, além de outras notícias.

Sendo necessário aumentar o quadro de voluntários, foram colocados avisos em 1872, nas casas comerciais da Cidade, de recrutamento para que se disponibilizassem para esta nobre e altruísta função.
E aqui surge a inscrição como voluntário de um jovem de 19 anos, nascido no Brasil em 1850 de uma família abastada que se instala no Porto.
Guilherme Gomes Fernandes, de seu nome desenvolve uma notável evolução na criação de condições aos Bombeiros Voluntários do Porto até à sua morte em 1902 em Lisboa, no seguimento de uma septicémia após uma cirurgia.
É homenageado numa Praça que ostenta o seu nome (antiga Praça Santa Teresa), onde um busto guarda para sempre a sua memória.

Bem…
Quanto às “geringonças”, deixaram de ter razão de ser e de cumprir o seu papel, enferrujando-se e quase que se perderam para sempre, e digo quase, porque felizmente, algumas foram recuperadas recentemente e colocadas em funcionamento como na altura em que foram criadas, como por exemplo a que se encontra na fachada da Igreja de S. Lourenço na Sé, entre outros casos que apraz registar e continuar a proteger porque fazem já parte da história da Cidade.
Hoje já não desempenham o seu papel de alarme de incêndio, mas mantêm vivas as memórias da cidade que valem sempre a pena preservar.

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( António Nobre )
13 Novembro, 2020 / ,

António Pereira Nobre poeta português, nasceu no porto a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, 467-469. Filho de burgueses abastados, viveu a infância e a adolescência entre Leça da Palmeira, a Foz do Douro, a Póvoa de Varzim, a Lixa ou o Seixo.

Estudou em vários colégios da cidade invicta e frequentou os principais centros da boémia portuense. Começou a escrever muito cedo e publicou numerosos poemas em jornais e revistas. Os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade.

Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, ficou desiludido com o ambiente académico e a vida universitária, e reprovou duas vezes.

Em 1890 foi para Paris, onde conheceu Eça de Queirós, e se licenciou em Ciências Políticas na Sorbonne, em 1895.

Foi na solidão de Paris, e a viver dificuldades financeiras, que escreveu muitos dos poemas da colectânea de poesia “Só”, a sua única obra publicada em vida – um dos grandes marcos da poesia portuguesa do século XIX, e uma referência obrigatória da Literatura Portuguesa, que influenciou grandes nomes do modernismo português como Fernando Pessoa ou Florbela Espanca.

Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.

Em pleno Jardim da Cordoaria, a 26 de Março de 1927, foi inaugurado um busto do poeta portuense, António Nobre, da autoria de Tomás Costa.

Num local solitário, vemos um bonito busto pequeno em bronze, que imortaliza o seu rosto, com o seu peculiar sorriso característico, sensível, delicado, triste e melancólico

Sobre uma espécie de altar, assenta num pedestal em mármore com ramos de flores, e uma lira alegórica à sua inspiração poética, o qual está sob uma base de granito, com três degraus.

Casa Museu Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Situada em S. Mamede Infesta, é uma construção dos fins do séc. XIX. Tem anexada uma capela setecentista, que serviu de oficina ao patrono. Foi nesta casa que decorreram os últimos anos de existência do cientista e professor português.

Na exposição permanente da casa, além da coleção de pintura, desenho e gravura, são encontrados utensílios e escritos científicos de Abel Salazar, assim como peças de mobiliário originais da casa.

A Casa-Museu restitui parte do ambiente familiar do patrono, mediante objetos pessoais e retratos, assim como testemunhos da atividade do pesquisador, pedagogo e divulgador de intervenções cívicas, através de cartas, manuscritos, provas tipográficas, jornais e revistas onde colaborou.

É também na casa que se encontra a biblioteca do médico e a biblioteca Alberto Saavedra, com um fundo documental especializado sobre a vida e obra de Abel Salazar.

No jardim, está o Pavilhão Calouste Gulbenkian, com uma programação regular de exposições com artistas contemporâneos.

Foram os amigos e admiradores de Abel Salazar que, após a sua morte, acharam que a maior homenagem que lhe podiam prestar era transformar a sua casa numa Fundação.

Várias foram as iniciativas que se realizaram para angariar fundos na tarefa de defesa e divulgação da Obra de Abel Salazar, incluindo a compra da casa para a transformação em museu. Mas só quase 11 anos depois, foi criada a “Sociedade Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar de S. Mamede Infesta”.

No entanto, as dificuldades continuaram e a Sociedade Divulgadora apela à Fundação Calouste Gulbenkian, que adquiriu, em 1965, toda a obra artística, literária e científica e o imóvel e terreno anexo à Casa-Museu.

Durante o período que pertenceu à Fundação Calouste Gulbenkian, a casa esteve encerrada ao público para obras de restauro, construção da casa do guarda e do pavilhão destinado a exposições periódicas.

Em 1975, a Fundação deixou de conseguir assumir os encargos da Casa e coloca a questão de a Casa-Museu ser doada à Universidade do Porto, que foi superiormente autorizada a aceitar a doação.

A Casa-Museu Abel Salazar, tutelada pela Universidade do Porto, é dirigida com o apoio de uma Associação Divulgadora, entidade de carácter cultural e considerada de Utilidade Pública. Centrada no valor humano, social e artístico do patrono, a Casa-Museu pretende estimular o interesse pela obra de Abel Salazar nos diversos ramos que cultivou, de ativar a publicação de estudos em torno das diferentes aptidões do cientista, de fomentar a colaboração com escolas e organismos culturais e recreativos, de completar o trabalho de inventariação e investigação do espólio literário tanto publicado como inédito, assumindo-se como centro de informação e de investigação insubstituível do artista e cientista Abel Salazar.

Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Abel de Lima Salazar foi, não só o médico e investigador científico, até hoje conhecido pelos seus feitos, mas também um escritor, crítico de arte, ensaísta e artista plástico. Apesar do seu nome estar incontornavelmente ligado ao Porto, foi Guimarães a cidade que o viu nascer a 19 de julho de 1889.

Aluno de excelência, Abel Salazar termina o curso de medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto apresentando a sua tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” que acaba classificada com 20 valores.

Aos 30 anos, 3 anos depois de concluir os estudos, é nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, acabando por fundar e dirigir o Instituto de Histologia e Embriologia da universidade, ainda hoje em funcionamento.

O seu trabalho de investigação depressa foi reconhecido e divulgado, atingindo fama mundial, devido a inúmeras publicações de artigos em revistas científicas, portuguesas e estrangeiras.

Como investigador, contribuiu, nomeadamente, com trabalhos relativos à estrutura e evolução do ovário acabando por criar o agora célebre, e ainda utilizado, método de coloração tano-férrico de Salazar.

Contudo, o trabalho tão intenso que desenvolveu, mesmo em condições muito adversas, conduziu-o a um esgotamento e à interrupção desta actividade, por um período de quatro anos.

Acabaria, então, por se dedicar com afinco à elaboração e publicação de textos de cariz científico, ocupando-se também na prática artística de que foi notável representante, sobretudo na pintura, gravura e nos cobres martelados.

Este homem multifacetado, cujo lema era “O Médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe”, um dos maiores intelectuais portugueses da sua época, só em 1941, foi reintegrado na Universidade, no laboratório da Faculdade de Farmácia do Porto.

Morreu em 1946, em Lisboa, onde fazia tratamento a um cancro do pulmão. Tinha 57 anos e era um fumador compulsivo. O corpo foi trasladado para a cidade do Porto, onde foi depositado no Cemitério do Prado Repouso.

Tem, hoje em dia, o seu nome imortalizado através do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, o largo, onde se localiza o Hospital Santo António, Escolas Secundárias e a Casa-Museu Abel Salazar.

Hospital Santo António -250 anos do hospital da cidade
6 Novembro, 2020 / , ,

Localizado no Centro Histórico do Porto, mais propriamente no Largo do Professor Abel Salazar, o Hospital de Santo António completou, em 2020, 250 anos desde que foi lançada a primeira pedra.

A história do Hospital de Santo António surge como saga de determinação, arrojo e altruísmo. Desde logo, a sua construção, que, independentemente da megalomania do projeto e do erro da localização, muito pantanoso, constituía necessidade premente da cidade em transformação.

No entanto, ficou demonstrado que, para edificarem e manterem o seu Hospital, os portuenses e a sua Misericórdia viram-se, muitas vezes, sozinhos e desapoiados pelo poder que, em momentos decisivos, tratava o Porto com a sobranceria de um centralismo que só nos meados do século XX começaria a olhar a cidade na justa medida das suas carências hospitalares.

A 15 de julho de 1770, os terrenos desocupados nos arredores do Largo davam lugar à construção do Hospital, mas a proposta apresentada pelo arquiteto inglês John Carr não chegou a executar-se na totalidade, tamanha era a sua dimensão, grandiosidade e custo. O início da construção deparou-se com uma dificuldade inesperada, o terreno que era muito húmido e pantanoso, dificultando a construção dos alicerces que iriam suportar o edifício. John Carr, que nunca veio ao Porto, projetou os interiores em tijolo. A opção pelo granito onerou e prolongou construção.

Para além dos problemas geográficos, os primeiros anos de construção foram marcados pela “turbulência” das invasões francesas, entre a década de 1770 e o início do século XIX, fazendo com que apenas fossem executados dois terços do projeto.

Mais à frente na História, e já após a inauguração da unidade, que aconteceu só em 1824, o país travou a guerra civil entre absolutistas e liberais e, depois, ainda, enfrentou a peste bubónica e a gripe espanhola de 1918.

É também em 1825 que fica associado ao hospital, a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, antepassado da Faculdade de Medicina do Porto que ali funcionou até ao final do ano de 1959, mudando-se para o recém-construído Hospital São João.

Passados 20 anos, em 1979, o hospital volta a receber alunos do 4º ano do curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, garantido a regência da maioria das unidades curriculares. Atualmente, a média de ingresso é a mais elevada entre os 7 mestrados integrados em Medicina das universidades portuguesas.

O edifício é o mais palladiano dos edifícios portugueses, e o maior, construído fora das ilhas britânicas, desenvolvendo-se em vários andares, de modo sóbrio, simples e simétrico, mas com volumes bem definidos animando a superfície.

Foi se convertendo no “hospital da cidade” e, desde 1910, é considerado Monumento Nacional. Hoje o Hospital de Santo António é a âncora do Centro Hospitalar Universitário do Porto, que incorpora também Centro de Genética Médica Jacinto de Magalhães e o Centro Materno-Infantil do Norte Albino Aroso, resultante da fusão da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Crianças Maria Pia, bem como o património humano e cultural do Hospital de Doenças Infeciosas Joaquim Urbano. O CHUP dedica-se à assistência, ao ensino, aos internatos médicos, à formação, à inovação e à investigação clínica e científica. A área direta de referenciação vai da orla marítima cosmopolita às velhas ilhas do Porto, passando pela cidade, bairros operários e aldeias de Gondomar. Tem cerca de 4400 trabalhadores, de dezenas de profissões. Em cada dia que passa, tem cerca de 100 internamentos, 2900 consultas, 140 cirurgias programadas, 420 episódios de urgência, 300 episódios de hospital de dia e 10 partos. A cada semana, acolhe um novo ensaio clínico multicêntrico internacional e coloca quatro artigos científicos em base internacionais. A biblioteca tem numerosos recursos de pesquisa e obtenção de bibliografia. O Museu da Medicina e da Farmácia, está integrado na Rede Portuguesa de Museus, ligando o hospital à cidade e aos turistas.

 

 

Conhecer Siza Vieira através da sua obra
7 Outubro, 2020 / , ,

O mais conceituado arquiteto português assinou casas, museus, escolas e até uma estação de metro na área do Grande Porto.

A Casa de Chá/Restaurante da Boa Nova e a Piscina das Marés, ambas em Leça da Palmeira, são duas das obras mais famosas deste arquiteto. Datadas dos anos 60, numa fase ainda inicial da sua carreira, ambas estão situadas no concelho onde nasceu. Ainda em Matosinhos, o Monumento ao Poeta António Nobre, a Marginal de Leça da Palmeira ou a Piscina da Quinta da Conceição são outros exemplos de trabalhos do vencedor do prémio Pritzker.

No Porto existem também vários espaços públicos concebidos por Siza Vieira, como a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, obras concluídas nos anos 90. O traço de Siza Vieira existe também em habitações sociais, como o Bairro de São Vítor ou o Bairro da Bouça, em edifícios de escritórios e até no túmulo do poeta Eugénio de Andrade.

Entre as suas obras mais recentes e mais visíveis para o grande público estão, por exemplo, a renovação da Avenida dos Aliados ou a estação de metropolitano de São Bento, ambas situadas no centro da cidade.

Siza Vieira é também o autor da nova capela da Afurada, em Vila Nova de Gaia, que começará brevemente a ser construída. Marco de Canaveses, Gondomar ou Vila do Conde são igualmente cidades que possuem obras assinadas pelo arquiteto.